Insurtech recebeu investimento de R$ 44 mi

A 180° Seguros, start-up de seguros fundada em outubro passado por ex-executivos de Nubank e Santander, recebeu um aporte “semente” de US$ 8 milhões (cerca de R$ 44 milhões). O cheque é o maior de uma rodada seed já injetado em uma insurtech na América Latina, segundo o fundador Mauro Levi D’Ancona.

A companhia atua conectando seguradoras a companhias interessadas em oferecer aos clientes seguros associados a seus produtos e serviços. Pouco explorado no Brasil, o segmento é conhecido no jargão de mercado como “embedded insurance”, ou seguro embutido, em tradução livre.

A rodada foi liderada pela brasileira Canary (que tem na carteira companhias como Buser e Hashdex) e pelos fundos americanos Dragoneer (investidor do Nubank) e Rainfall (sócio da Robinhood, a protagonista da ‘rebelião’ na GameStop que é a fintech mais quente dos EUA hoje). Também assinaram o cheque os fundos 8VC (de Joe Lonsdale, fundador da enigmática Palantir), Quartz (de José Galló, ex-CEO da Renner) e Norte Ventures.

Papel de intermediário 

O plano da 180° Seguros é ocupar o vazio proporcionado pela baixa penetração desse mercado no Brasil, estimulando empresas a oferecerem apólices que complementem a experiência dos seus clientes e provocando seguradoras a criarem produtos que atendam a essa demanda. 

A start-up se encarrega de conectar as duas pontas, inclusive em termos tecnológicos, e de um suporte que engloba do pós-venda à estratégia de divulgação do seguro. O cliente da 180° é livre para oferecer os seguros aos seus consumidores em formato “whitelabel” (sob sua própria marca) ou manter a marca da insurtech.  

De acordo com D’Ancona, a companhia se posiciona como um intermediário neutro entre as partes, sem receber rebates das seguradoras pelos produtos que emplacam junto aos clientes. Ela é remunerada com uma comissão sobre as vendas.

A 180° atua com seguros de vida e com os chamados ramos elementares, cujo rol vai do seguro de carro à proteção do imóvel. (Apólices de saúde não fazem parte do pacote).

— Quando comparamos os prêmios ao PIB, vemos que o mercado brasileiro de seguros é subpenetrado. Não existe uma cultura do seguro por aqui. Mas, a exemplo do que fez o Banco Central, estimulando as fintechs, o regulador do setor de seguros (Susep) tem impulsionado a competição. Nós somos de uma nova geração de insurtechs que nasce desse movimento e busca atacar a baixa penetração — afirmou à coluna D’Ancona, que foi responsável pela área de mercado de capitais do Nubank.

Uma hora de cobertura

D’Ancona fundou a 180° ao lado de Alex Körner, ex-superintendente de produtos de seguros Santander, e Franco Lamping, que foi engenheiro de software do Nubank por quase cinco anos.

A companhia diz já ter criado três produtos e ter 20 clientes, de marketplaces de imóveis a maquininhas de cartão, mas prefere não informar seus nomes por enquanto. Entre as seguradoras, a 180° afirma ter assinado acordos de confidencialidade — isto é, está perto de fechar contrato — com 17 delas.

Com o aporte, o plano é dobrar a equipe para 50 pessoas até o fim do ano e atingir um portfólio de pelo menos 20 seguros rodando no mercado.

— Estamos trabalhando, por exemplo, na elaboração de um seguro que dura apenas uma hora. Vai ser um dos primeiros seguros intermitentes do país e surgiu da demanda de um cliente — disse D’Ancona. 

Fonte: CQCS, 05/05/2021.

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