Érico Melo, corretor de seguros e presidente do Sincor-SE

O ano era 2001 e a Fenaseg cria a central de bônus, com o intuito de eliminar a fraude na utilização desse recurso nas renovações do seguro auto, e lá se vão 23 anos. Não encontrei registro em que ano iniciou, mas, com certeza, a utilização do bônus de experiência tem mais de 25 anos e foi criado em uma época em que as seguradoras não tinham dados para precificar o risco corretamente e queria diferenciar um cliente do outro. A idéia do bônus em sua época foi sensacional, mas o mundo e o mercado mudaram muito desde então.

Atualmente, com a quantidade de dados disponíveis, as seguradoras conseguem precificar o seguro com muito mais assertividade mas, o peso do bônus de experiência ainda é um fator preponderante. É inadmissível nos tempos atuais um segurado que passou 10, 15 anos no mercado e alcançou o topo do bônus possível, se passar um ano sem seguro perder todo esse tempo de experiência. Supondo-se que todas as variáveis de risco e tarifárias continuem as mesmas, porque esse segurado teria que pagar mais pelo mesmo risco? Isso é um atestado de incapacidade de precificar corretamente um risco.

É importante as iniciativas de novas seguradoras que desprezam a informação do bônus para a precificação. Traz frescor ao mercado e pode ter a capacidade de levar o setor a utilizar práticas mais modernas. Um dos grandes problemas do setor é o peso do legado e das estruturas que foram criadas durante anos, mas é chegada a hora de mudar, e não somente pelo simples fato de abraçar o novo, mas, principalmente porque precisamos aumentar o número de itens segurados e o bônus se tornou praticamente uma muralha para a contratação de seguros novos e o percentual de veículos segurados diante da frota circulante caiu drasticamente nos últimos anos.

Em 2010, segundo dados da SUSEP, o mercado de seguro auto tinha 12.208.325 veículos segurados para uma frota circulante de 64.817.874 veículos, ou seja, tínhamos 18,83% da frota segurada. Passados 10 anos, em 2020, últimos dados disponíveis na SUSEP, chegamos a 14.061.758 veículos segurados para uma frota de 107.948.371 veículos, ou seja, caímos para 13,02% da frota segurada. O bônus não é o principal, nem o único vilão para não conseguirmos aumentar a participação do seguro na frota circulante (irei falar sobre alguns nos próximos textos) mas é um dos fatores que dificultam na precificação de novos clientes.

Em tempo, o bônus de experiência não precisa morrer para o mercado avançar, talvez uma metamorfose para um bônus de fidelidade seria muito mais benéfico para as seguradoras.

Que tenhamos coragem para mudar.

Escrito por Érico Melo, corretor de seguros e presidente do Sincor-SE, em 20/02/2024.

3 COMENTÁRIOS

  1. Concordo em gênero, número e grau. Alguma coisa precisa ser feita para que consigamos aumentar o número de novos clientes que continuam ávidos para consumir o produto que temos a oferecer, mas, com o preços praticados pelas companhias, eles estão sendo atraídos pelos chamados seguros piratas !!!!

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