Nelson Fontana, corretor de seguros e advogado

Um passo a mais para o mercado 100% digital. Quem acompanha as mídias sociais observou que finalmente a contratação de seguros, sem contato humano, deu mais um passo à frente. 

Usando tecnologia fornecida pelas Seguradoras várias corretoras passaram a bombardear as mídias sociais oferecendo a contratação digital. Algumas seguradoras também. 

Os segurados brasileiros estão recebendo ofertas para contratar seus seguros digitando em seus computadores e celulares, sem conversar com corretores de seguros. 

Tentei contratar um seguro em vários destes sites. Encontrei 3 situações distintas: 

  1. “Cote aqui” do tipo “me engana que eu gosto” – Na verdade a proposta de “cote aqui” é só uma isca para capturar o cadastro do cliente. Ele vai ser induzido a passar nome, dados do carro, CPF e CEP da residência e o celular ou E-mail. Num determinado momento o processo não evolui, prometem um e-mail com cotações e um ou vários corretores passam a assediar o cliente pelo telefone tentando fechar a renovação de seu seguro.
  2. “Cote aqui, ” mas “não contrate aqui” – Este segundo tipo de “cote aqui” é realmente “COTE” (só) aqui, mas não dá para “contratar aqui” como o cliente, em sua santa ingenuidade, pensava. Ele pensa que vai renovar seu seguro através do site na internet. Mas o site vai até a cotação. Não passa para a efetivação do seguro. Depois da cotação vem um corretor que transforma a cotação em uma apólice.
  3. “Contrate aqui” –  Raríssimo, mas já existe a contratação 100% digital. Ainda tem alguns pontos onde o cliente engasga, como os procedimentos para a vistoria por aplicativo e alguns detalhes na efetivação. Como uma cotação sem considerar o “bônus” é taxada pela média ou por cima, é difícil uma cotação 100% sem complicações. Perfil, bônus e vistoria são os gargalos da contratação 100% digital do seguro de automóveis. Perfil evoluiu para as 3 perguntas básica (CPF, PLACA E CEP) mas na hora do bônus e vistoria, os segurados sem auxílio de um corretor ainda se atrapalham.

Mas, a ideia deixou de ser um tabu. Aquela conversa de “procure o seu corretor” ficou no passado. Agora a proposta é “cote conosco” ou “contrate aqui” e todos estão se valendo da vontade dos segurados de tentar fazer o seguro sozinho pela Internet, apesar de que muita gente ainda acredita que segurado precisa de uma voz humana e atenciosa para fechar o seguro. Isto é verdade, desde que o seguro “sem voz humana” não custe 20% mais barato. Na maioria dos casos, atualmente, ele nem vai ter a opção. Alguém vai entrar em contato com ele durante o processo. Ele pode até se sentir frustrado por “ter que conversar sobre isto” e até tapeado. Entra num site que dá a entender que ele pode cotar e contratar seu seguro 100% digitalmente, mas é uma enganação e ele está apenas entregando dados para que um corretor passe a assediá-lo.

A história de “procure seu bônus na apólice” é um gargalo enorme. Muitos nem sabem onde estão suas apólices. Esta vistoria por aplicativo de celular é outro gargalo. Para alguns simplifica mas para outros era melhor passar num posto de vistoria. O que realmente já evoluiu é a história do motorista “principal”. O que é “principal”, quantos dias de uso caracteriza o principal etc. Agora é CEP, CPF e PLACA. Isto não gera dúvida. 

Aos poucos o seguro automóvel está entrando na era 100% digital. Falta ainda alguma coisa, mas já evoluiu muito. Na verdade, o grande desafio será o surgimento do “MERCADO DIGITAL de Seguro de Automóvel”. Nesta expressão “Mercado” estamos nos referindo aos Market Places. Sites que, em poucos instantes, apresentam TODAS as opções disponíveis para se adquirir um produto ou serviço, onde o cliente compara todas as seguradoras sozinho, escolhe, efetiva, paga e recebe a apólice. Quando chegarmos (se chegarmos) a este estágio, realmente o seguro automóvel vai ter mudado.

Escrito por Nelson Fontana, advogado e corretor de seguros.

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