Sincor RJ sub judice: diretoria eleita continua sem tomar posse
Jayme Torres Pereira Junior, candidato ao SINCO-RJ pela Chapa 2

O JNS entrevistou o corretor de seguros Jayme Torres, candidato da chapa 2 na disputa eleitoral pela diretoria do Sincor-RJ (NOV 2022), e autor da ação que cassou o direito da diretoria eleita (chapa 1) de tomar posse em 1º de janeiro deste ano, em liminar expedida pelo Desembargador Marco Antônio Ibrahim (TJ-RJ). Representantes da diretoria anterior, que também compõem a Chapa 1, não prestaram contas (nos exercícios de 2020 e 2021), dentro do prazo estipulado no estatuto entidade, ferindo frontalmente o regimento eleitoral do Sincor-RJ. Daí a liminar.

JNS – Em que fase está o processo?
Jayme – O Sincor-RJ entrou com recurso pedindo a suspensão da liminar para que a Chapa 1 pudesse tomar posse. Mas, por motivos óbvios, esse pedido foi indeferido. O que está em discussão no momento é o pleno funcionamento da entidade, como pagamento do salário dos funcionários, por exemplo. Para resolver este impasse, a Justiça prorrogou o mandato da diretoria que se encerraria em 31/12/2022, decisão que está sendo questionada pelo nosso jurídico, já que os diretores são os mesmos que compõem a chapa 1. Entramos então com o pedido para que a nossa chapa (2) seja declarada vencedora e assuma o Sindicato. No momento, a situação é esta.

JNS – Qual diretoria está à frente do Sincor-RJ? A eleita ou a anterior?
Jayme – A diretoria anterior, apesar de ser a mesma que foi eleita. Os personagens alternam-se em cargos, mas o grupo é o mesmo, há muitos anos.

JNS – O que a chapa 2 espera da justiça e quais os cenários possíveis na hipótese da chapa 1 ser impedida de assumir definitivamente?
Jayme – Que se faça valer o que diz o regimento eleitoral: “não pode concorrer o candidato que não teve suas contas aprovadas no prazo”. Mas as contas de 2019 e 2020, que deveriam ser aprovadas em assembleia até 30/06/2020 e 30/06/2021, respectivamente, foram “aprovadas” em 29 de julho de 2021, ou seja, as duas juntas fora do prazo.

JNS – Por que o Sincor-RJ não fez a assembleia de prestação de contas?
Jayme – Há anos questionamos a falta de transparência na entidade. A assembleia de prestação de contas, ocorrida em 2021, só se deu porque a diretoria foi notificada da ação que movi após reiteradas vezes ter solicitado por e-mail e ter sido totalmente ignorado. A convocação pública é feita em jornal que não circula em todo estado, área territorial do Sincor, e pior: é marcada para dias e horários que dificultam a presença dos sócios. Já houve, por exemplo, a convocação de assembleia para uma sexta-feira véspera de carnaval, às 17:00 hs! Dessa forma, as assembleias acabam acontecendo normalmente só com a presença dos diretores, como a que ocorreu em 29/07/2021. Eles mesmos aprovam as contas da diretoria, mas o inacreditável é que o presidente Henrique Brandão, sozinho, tem a prerrogativa de aprovar ou não a prestação de contas! Pasme: nessa mesma assembleia participaram 22 associados que aprovaram as contas, sendo que só o presidente, representando suas 14 empresas corretoras de seguros, vota 14 vezes, ou seja, mesmo que o vice, com seus 3 votos, o diretor financeiro, com seus 2 votos, e os demais diretores presentes, hipoteticamente decidissem não aprovar as contas, o presidente sozinho o faria. É muito bizzaro.

JNS – Como fica a imagem institucional do Sincor-RJ, sub judice, perante os corretores de seguros e seguradores? Isso não afasta possíveis patrocínios de eventos por questões de governança interna das empresas?
Jayme – A respeito da condição atual do Sincor-RJ, acredito ser pouco provável que as seguradoras promovam algum patrocínio nesse período, exatamente por questões de governança. Mas cada companhia tem sua política interna, e decide como quiser, claro. O fato é que os principais eventos já aconteceram no ano passado, período que coincidiu com o calendário eleitoral do Sindicato. São verdadeiros comícios! É realmente muito triste o que fizeram com a instituição. O Sincor-RJ completou 90 anos de sua fundação em dezembro passado, e deveria ter promovido uma grande festa com a presença maciça dos corretores. Mas, para não deixar passar a data em branco, organizaram uma missa onde compareceram cerca de 20 pessoas, todas elas da diretoria.
Ninguém, com o mínimo de bom senso, pode concordar com o que estão fazendo há anos com o Sindicato. Virou um feudo! E nós, corretores de seguros, ficamos órfãos da entidade que deveria nos representar, ser protagonista. Somos o segundo maior contingente de corretores do Brasil, com cerca de 13 mil profissionais habilitados, e apenas 6 representantes têm o poder de decidir em uma “assembleia” o destino de toda uma categoria profissional. É repugnante, para dizer o mínimo.

Fonte: JNS, 14/03/2023.

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