Leonardo Freitas, Diretor Comercial da Bradesco Seguros

Ainda menino, em Abaeté (MG), com 10 anos, escrevi uma carta para o meu pai pedindo que ele enviasse para a “Porta da Esperança”, um antigo programa de televisão. O motivo? Eu sonhava em ter um gravador, queria registrar tudo ao meu redor, entrevistar pessoas, contar histórias… Mas a realidade era outra: minha família era muito humilde e meu pai não tinha condições de comprar. Mesmo assim, ele ficou tão impressionado com o que escrevi que mostrou a um amigo, que, sensibilizado, decidiu realizar meu sonho e me presenteou com um gravador no Natal.

Naquela manhã, quando acordei e vi o gravador debaixo da árvore, eu sabia que aquilo significava mais do que um simples presente. Assumi um papel que, até então, só existia na minha imaginação. Saía pelas ruas entrevistando as pessoas, queria entender suas opiniões, fazia pesquisas. Na eleição presidencial de 1989, lá estava eu, perguntando aos moradores da cidade em quem votariam, como um pequeno repórter. Com 12 anos, conquistei minha própria coluna no jornal local “Berrante”, onde escrevia mensalmente. Lembro até hoje da emoção de ver meu nome impresso ali.

Quando tive a oportunidade de entrevistar uma banda, fui de camisa social branca, abotoada até o pescoço, levando tudo muito a sério. Eu sonhava em ser jornalista. Tanto que, quando chegou a hora do vestibular, minha escolha foi óbvia: jornalismo. Passei, me matriculei, mas não cheguei a cursar. Entrei no Bradesco como office boy e, um dia, um chefe me disse: “Se quiser crescer aqui, precisa mudar de curso.” E foi o que fiz.

Comecei o curso de Economia na PUC, mas em função das mudanças de cidades por conta das transferências de trabalho, acabei me formando em Administração de Empresas, mas o jornalismo sempre esteve ao meu lado. O desejo de comunicar e de contar histórias nunca me deixou. Quando fui reconhecido como Top Voice no @LinkedIn, senti que aquele menino de 10 anos, que sonhava em ter voz e relevância, de alguma forma conseguiu se realizar. Os sonhos não prescrevem – eles encontram novas formas de acontecer.

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